A primeira canção que aprendi a tocar em um instrumento foi a “Que país é esse?”, e o instrumento era um violão Gianini que minha mãe comprou nas Casas Bahia, em 1997. Depois que entendi como funcionava a sequência rítmica e harmônica, fui até um banca de jornal e comprei uma dúzia daquelas revistinhas de cifras. Naquela época internet era coisa de rico, e computador custava algo como R$4 ou R$5 mil.
Me lembro que eu era muito influenciado pelos discos que meu irmão ouvia, e naquela época ele estava escutando o disco “Equilibrio Distante”, do Renato Russo. Então, inspirado pela trilha sonora, comprei uma revista só com cifras do legião. Me sentava todas as tardes na calçada na frente de casa e fica tentando tocar “Sexo verbal não faz meu estilo... lá lá..”. Ficava uma bosta, mas de tanto insistir a música saiu e ficou redondinha, se é que isso se aplica ao Legião Urbana.
Enfim, virei fã da banda, mesmo não tendo vivido o ápice da
década de oitenta onde a música deles era a maior das carapuças do brasileiro.
Também compartilho da ideia de que o Renato era um mauricinho mimado que tinha
tudo fácil, mas não estava contente com nada e acabou enfiando a vida no cu.
Mas devemos reverenciar o mito “Legião Urbana” e o que ele significa hoje,
perto dessa música incipiente dos dias atuais.
Especial
Ontem assisti perplexo às semitonadas do Wagner Moura, vulgo
Capitão Nascimento, e concordo com a ideia de que assim como no filme Tropa de
Elite, ele continua torturando muita gente. O Legião foi a trilha sonora de vários
momentos de minha vida e da maioria dos meus colegas e é bobagem não admitir
isso. Os caras são fodas e representam uma fase legal da nossa música.
Comparado com o contexto atual (que é outra bosta). Mas Wagner, na boa, seu dia
de rockstar foi um fiasco, deixa pro Kim da banda Catedral ou quem sabe algum
bom cover do Renato interpretar e reviver esses bons momentos.
Por outro lado achei o show muito emocionante, foi legal ver
os caras tocando no palco e toda a plateia com a letra na ponta da língua.
Mesmo com o sono do Dado Vila Lobos e as desafinadas do Wagner, analiso o
espetáculo em sí como um alerta importante para a música brasileira. A
qualidade das letras em detrimento das letras dos “sucessos” atuais. Quanto ao
Capitão Nascimento, ele cantou com o coração e não usou nenhum efeito milagroso
para “afinar” a voz, diferentemente da maioria dos desafinados que imperam nas
paradas de sucesso. Mesmo assim foi triste.
Pena que acabou. Foi bom ver a MTV voltar a ser MTV, foi bom
ver o rock brasileiro voltar a ser rock, pelo menos por uma noite. Espero que
as coisas mudem e que os bons trabalhos que existem pelo Brasil tenham a mesma
oportunidade que o Legião teve em sua época. O povo começa a se cansar da falta
de bandas boas e de rock de verdade.
Fotos: Raissa Paschoal/Veja
Fotos: Raissa Paschoal/Veja