Jan 24, 2013

Devin Townsend: louco, gênio ou os dois?

 Falar deste cara é uma das tarefas mais difíceis para quem é músico e, principalmente, para quem precisa estabelecer certa neutralidade ao escrever como crítico. Foi assim comigo quando resolvi destrinchar a obra deste canadense que é uma mistura de gênio e louco. Estou falando do rocker canadense Devin Townsend, que possui uma obra tão complexa que é difícil até definir o que ele é ao certo. Essa dificuldade se justifica no fato de ele mesmo compor, arranjar, produzir, gravar, mixar e masterizar. Isso sim é ser um músico literalmente independente.

Seu mais recente trabalho intitulado Epicloud mostra com clareza o ápice do seu insano repertório de arranjos. Sua música é difícil de digerir na primeira vez (me lembro que a primeira vez que ouvi os pré-conceitos e verdades absolutas falaram mais alto, na época o lançamento era o disco Ziltoid: The Omniscient), na segunda vez em que se ouve muita coisa ainda não faz sentido, principalmente na parte instrumental. As letras em suma são boas, as vezes flertam com o psicodélico. Aliás, já que os bangers adoram rotular as coisas aqui vai o rótulo que criei para Townsend Project: Death Metal Progressivo Diazepan. Porém aos poucos fui entendendo a genialidade e a riqueza de recursos harmônicos que esse cara tem, sem falar da fúria contida em alguns momentos e escrachada em outros.
 

Epicloud é uma viagem intensa pela loucura passando de levadas calmas quase baladas até os mais estridentes berros que são atravessados constantemente por riffs nervosos e fritadas insandecidas de bateria. No meio de tudo isso uma bela voz surge, Anneke Van Giersbergen, a holandesa com a voz doce e quase infantil torna a missão de entender o disco ainda mais difícil. Mas acredito que a intenção era justamente essa, essa é a genialidade de Townsend. Ele não é obvio e sua música cumpre com o papel da imprevisibilidade. Hora calmo, hora frenético este é o estilo do Quentin Tarantino das composições, já que tira sangue de forma cômica.



Meus destaques são as faixas True North, Where We Belong, Kingdon e Grace, porém uma boa ouvida no disco todo te dá uma boa dimensão das inúmeras cartas na manga do tio Chico do Heavy Metal. Essa música do vídeo acima é do disco Ziltoid: The Omniscient. Se você fizer uma busca rápida vai ver que a discografia deste cara é de dar inveja.

A doce voz


Uma coisa me despertou muita atenção na musicalidade da loirinha. Anneke Van Giersbergen. Passei a olhar mais atentamente para o seu potencial e mesmo que ela não esteja tão engajada na cena heavy, todos devem ouvir com mais atenção a sua muscialidade. Ela tem estreitado laços com o folk rock em seu atual projeto Agua de Aneeke. No entado o timbre de voz é curioso e muito cativante. Vale a pena conferir.